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FOCO RUMO HILO -HAWAII

O atual californiano Cyril Derreumax, nascido francês saiu de San Francisco em junho passado com seu veiculo oceânico, um kayak de alguns poucos pés e determinado a chegar ao Hawaii nessa solo remada, se aproxima de Hilo. Cyril é viajante do mundo e ávido aventureiro, com passagens por Espanha, Inglaterra, Itália, Argentina e até Brasil, o cara fala fluente cinco idiomas e está enfrentando no remo as 2.400 milhas náuticas do oceano Pacifico. O valente kayak de nome Valentine, por causa de sua irmã, vai com boa infra-estrutura dentro. Inclusive você pode bater papo com o remador, durante essa travessia confira no www.solokayakhawaii.com


Três anos atrás, em junho de 2016, ele e seus companheiros de equipe ficaram em primeiro lugar na Great Pacific Race, uma corrida de 2.400 milhas náuticas de remo oceânico de Monterey, Califórnia, a Oahu, Havaí. Nesta regata, Cyril foi o capitão do barco “Team Unindo Nações”, uma equipe de quatro homens de quatro nacionalidades diferentes: Thiago Silva do Brasil, Carlo Facchino dos EUA e Fiann Paul da Islândia. Uma expedição de pouco menos de 40 dias, ganhando ele e seus companheiros de equipe um recorde mundial do Guinness Book para a travessia mais rápida nessa distância.
Em 2021 essa mesma aventura de agora terminou numa noite cabulosa de junho em alto-mar quando, as condições climáticas de ventos fortes e oceânicas de ondas poderosas quebrando, fizeram Cyril abortar a missão e chamar a guarda-costeira. “Não há nada que possa prepará-lo melhor para lidar com ondas de 14 pés e 35 nós de vento em um caiaque de 23 pés, do que ter de passar por isso”, fala Derreumax.
Agora após alguns meses o solo remador se aproxima de Hilo, Hawaii e conta ainda com alimentação para 24 dias. Ele no dia 05 passado comemorou 46 anos e seu filho Simon, em terra na mesma data 14 anos. Força e saúde a Cyril é o que nós do “Ondas do sul” desejamos a esse perseverante aventureiro. God Bless!
Afinal, nada é diferente da experiência de vivenciar ao vivo e a cores os movimentos do oceano em sua infinita linguagem.
Texto by Castro Pereira Fotos by Teresa O’Brien/Tom Gomes

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RIP PETER COLE

Peter Cole faleceu aos 91 anos em casa no sábado passado, dia 05 enquanto dormia e cercado pela família, segundo seu filho. A causa foi um problema cardíaco que tinha vindo a piorar nos últimos meses. Cole nasceu na mesma data de outubro de meu velho pai porem alguns anos mais a frente, 1930. Iniciou no surf aos 14 anos na Califórnia em Santa Monica, desbravando picos e revelando alguns para o mundo, depois migrou para Honolulu,HW em 1958. Por lá redefiniu o surf de ondas grandes na cultura hawaiiana. Foi professor de matemática de caras como: Jeff Hackman, Gerry Lopez e Barry Kanauiapuni e depois parceiro de surf em Pipe, Waimea e Sunset dos caras. Ele foi campeão no Makaha International, se destacando com um dos surfistas mais corajosos de sua geração. Cole ficou cego de um olho em 1972, depois de ter sido atingido pela sua prancha. Ainda assim, surfou até bem perto dos oitenta anos, e sempre resistindo à utilização do leash. Sujeito era waterman; na Califa foi nadador e jogava pólo aquático, isso o manteve no rip e buscava sua prancha na braçada. Galera se impressionava vendo ele em mares gigantes de Sunset. Sedimentou seu nome e approach no north shore e em 2011 entrou para o Hawaii Waterman Hall of Fame.

 

Sua partida causou muita comoção na comunidade do surf. As palavras não fazem justiça à vida, ao legado e ao amor do homem pelo oceano, mas seu amigo Gerry Lopez em declaração chega bem perto de sua lembrança:

“Peter Cole foi meu professor de álgebra no 9º ano. Ele já era um conhecido surfista e pioneiro de ondas grandes em 1962, além de ser um ótimo professor. Nossa aula era depois do intervalo do almoço e um dia, o Sr. Cole estava alguns minutos atrasado Ele veio correndo e foi direto ao assunto, escrevendo equações no quadro-negro, Seu cabelo estava molhado e meio bagunçado e do meu assento na primeira fila, notei areia na nuca.

“Enquanto a aula prosseguia, pude ver que ele devia estar de shorts molhados porque estava começando a encharcar as calças. Depois de explicar uma equação, ele perguntou se alguém tinha alguma dúvida. Levantei a mão e quando ele me chamou, Perguntei: ‘Como estão as ondas em Ala Moana hoje…?’ Esperando uma pergunta de matemática, ele ficou um pouco confuso, ‘O que…?’ Então ele sorriu aquele grande Peter Cole sorriu, riu e disse: ‘Vou te contar depois da aula..’

“Ao longo dos anos, nos tornamos amigos. No final dos anos 1960 e início dos anos 70, surfávamos juntos de manhã em Pipeline, muitas vezes só nós dois e às vezes John Peck se juntava a nós. Então, quando os ventos alísios sopravam , todos nós nos mudamos para Sunset, que era o lugar favorito de todos.

“Peter era um homem doce, gentil, atencioso, sempre generoso com seu tempo e aloha para amigos e estranhos. O pequeno mundo do surf em que ele cresceu, onde ele fez seus ossos, tornou-se um mundo enorme e uma indústria de bilhões de dólares. Mas isso o grande sorriso dele nunca esteve muito abaixo da superfície e não demorou muito para borbulhar. O surf perdeu outro de seus verdadeiros heróis lendários, mas a lenda vive através dos muitos corações que Peter Cole tocou em sua vida… e eu fui muito tocado!”  

Peter tinha especial preocupação também com a conservação dos oceanos, e foi presidente da Sunset Beach Community Association, além de ter fundado e presidido a divisão de Oahu da Surfrider Foundation. E assim foi para Peter Cole, que da sua longa vida deixa um enorme legado e várias memórias aos amigos que vivem ao longo da costa havaiana. RIP Peter!

Texto by Castro Pereira Fontes: Surf Heritage/Surf Total/ Fotos Insta/Pintura de Peter Jr.